Nunca fui uma menina namoradeira. Desde que comecei na idade da paquera sempre tive apenas olhos pra apenas um menino de cada vez, por mais platônico que fosse. Enquanto minhas amigas tentavam dar certo com vários de uma vez, eu mantinha meu foco em apenas um, e geralmente quebrava a cara, rs. Acho que eu gostava de um desafio de um amor quase impossível. Cheguei na minha igreja com 15 anos, e aos 17 comecei uma amizade muito bacana com um rapaz. Ele era do grupo jovem, assim como eu. Tínhamos os mesmos objetivos na vida, na igreja, e sem perceber nos apaixonamos. Durante anos ficamos em um clima de amor e guerra, junta, separa, muito semelhante ao caso do Ross e Rachel, para quem conhece o seriado "friends". Não conseguíamos ficar juntos, nem separados. A torcida para nosso relacionamento dar certo, ou não, era bem dividida. Mas acima de tudo, éramos grandes amigos.
Uma das coisas que determinei quando vim para os EUA, era que aquele abraço que havia dado nele antes de ir para o aeroporto, seria o ultimo. Estava determinada a deixar ele no passado. Já havia seis meses que quase não nos falávamos, e no fim de semana que antecedia minha viagem resolvemos nos encontrar, já que seria minha despedida, e a impressão foi a mesma de sempre, parecia até que nunca tivemos problema e o carinho era o mesmo de sempre. E era somente sobre isso que eu conseguia falar com uma menina que eu havia acabado de conhecer no avião, e tentava explicar, em vão, que aquele encontro não havia significado nada.
Chegando em Charlotte, ele estava de plantão no MSN me esperando pra dizer que havia feito uma grande bobeira, que nunca deveria ter me deixado partir, que no fundo ele acreditava que eu não seria capaz disso. Insistiu para que eu voltasse, que tudo seria diferente, mas eu já estava cansada, era hora de dar uma chance a mim mesma. Acabei cedendo ao pedido de namoro dele após passar ele por vários testes, incluindo me pedir em namoro para a minha família inteira, e para quase todos os pastores que eu conhecia, rs. Ele me ajudou muito a me adaptar aqui, pois falar com ele todos os dias me fazia sentir em casa outra vez. Ele me ajudou a manter a fé, pois não pude ir pra igreja nos dois primeiros meses que eu havia chegado. Embora todos aqui fossem absolutamente contra nosso namoro a distância, fomos levando. Após algum tempo, brigas bobas começaram a fazer parte das conversas. Ele, extremamente possessivo e ciumento. E eu, queria desfrutar da liberdade que havia conquistado. Chegamos a falar em casamento, mas claramente nossos objetivos já não eram exatamente os mesmos. Eu queria a chance de estudar aqui, ao mesmo tempo que não queria abrir mão do meu grande amor, alguém por qual eu havia lutado durante seis anos. Achamos melhor nos encontrar mais uma vez antes de tomar qualquer decisão.
Depois de sete meses morando aqui, fui ao Brasil a passeio, e um dos principais objetivos era definir se ainda éramos o mesmo casal de antes. Durante os quinze dias da minha estadia, estávamos juntos praticamente 24 horas por dia. Nossa conversa, nossa mentalidade, nossos objetivos, já nada era igual. Vivi quinze dias de inferno e céu. Brigávamos constantemente, mas ao menos eu estava com o homem que amava. Chegamos a terminar duas vezes, mas voltamos.
Ao retornar aos EUA fomos nos afastando aos poucos. Decidi que iria viajar e aproveitar meus últimos 5 meses aqui. Nessa época, também fiz cursos que eram mandatórios e o trabalho me tomaram o tempo que antes eram somente dele. Sem nem muito discutir com ele, renovei meu contrato aqui por mais um ano, sem direito a férias no Brasil. E 3 meses depois que voltei das ferias, nosso namoro chegava ao fim.
Foi um termino tumultuado, nada amigável, digno de novela mexicana. Apesar de nos 2 havermos concordado que isso era o melhor para os dois, meu cérebro entendia, meu coração não. Com a separação eu havia perdido não apenas meu melhor amigo e amor de mais de 7 anos, mas também um pedaço de quem eu era. Sem perceber, durante esse tempo com ele, grande parte dos meus interesses, dos meus sonhos e objetivos eram baseados nos interesses dele, e aos poucos fui perdendo a minha essência. Morar no exterior era algo que eu sonhava desde pequena, mas os eventos da vida me fizeram mudar de direção. As experiências que tive aqui me mostraram quem eu sempre quis ser e eu já não era mais a mesma quando voltei ao Brasil.
Hoje entendo que eu nunca poderia ser e nem ter feito ele feliz porque nós sempre fomos muito diferentes, mas minha imaturidade não me deixava enxergar. Hoje aconselho as jovens a não se preocuparem em namorar enquanto não descobrirem o que querem da vida, pois sem perceber, elas podem deixar de atingir o potencial que elas alcançariam se o foco fosse mantido em seu próprio futuro em vez do futuro de alguém.
Mais de um ano depois que terminamos, voltamos a nos falar para levantar a "bandeira de paz" entre nós. É inegável a importância que ele teve no meu passado (e creio que eu no dele também), e por isso desejo a ele toda a felicidade que ele possa alcançar, que Deus o abençoe muito! E eu sigo meu caminho alcançando meus sonhos!
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